ATA DA VIGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 28.04.1987.
Aos vinte o oito dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre em sua Vigésima Nona Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Sessão anterior, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. André Forster, 01 Pedido de Informações, indagando quais os estabelecimentos de comércio ambulante, dos que estão situados na Rua Martim Félix Berta, quase esquina com a Rua Juscelino Kubitschek, em frente ao conjunto residencial COHAB – Rubem Berta, que estão devidamente credenciados pela SMIC para a referida atividade; pelo Ver. Hermes Dutra, 02 Pedidos de Providências solicitando que sejam melhoradas as condições de funcionamento do terminal turístico da Avenida Princesa Isabel; reiteração de pedido para que o Executivo exerça efetiva fiscalização quanto ao funcionamento dos ônibus da Linha Ipiranga – PUC; 01 Projeto de Lei do Legislativo, n.º 24/87, que denomina Rua Décio Pelegrini uma via pública (proc. n.º 881/87); pelo Ver. Jorge Goularte, 02 Projetos de Lei do Legislativo, n.ºs 22/87, que denomina Rua Bernardo Tchernin um logradouro público (proc. n.º 872/87); 23/87, que denomina Rua Isabel Starosta uma via pública (proc. N.º 873/87); pelo Ver. Paulo Satte, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 07/87, que implanta o transporte hidroviário coletivo de passageiros no Rio Guaíba, que funcionará através de iniciativa privada, mediante concessão da SMT e segundo normas técnicas estabelecidas por esta; pelo Ver. Rafael Santos, 03 Pedidos de Providências solicitando a imediata abertura da Rua Uruguai ao trânsito, terminando o estacionamento privativo da Prefeitura; que sejam, imediatamente, reiniciadas as obras de reformulação e aumento do número de sanitários da Praça da Alfândega; que sejam, imediatamente, retirados os out-dors colocados no Parque da Harmonia, junto à Usina do Gasômetro; 01 Pedido de Informações indagando qual o número de funcionários existentes, em 31de março de 1985, na EPATUR, PROCEMPA, CARRIS e FESC, quantos foram demitidos, a qualquer título, do período mencionado até a presente data, quantos foram admitidos no mesmo período, qual o valor da folha de funcionários em 31 de dezembro de 1985 e em abril de 1987 órgãos. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios de n.ºs 206; 207; 208/87, do Sr. Prefeito Municipal. A seguir, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Ennio Terra, sobre qual o critério para o ganho de jettons pelos Vereadores da Casa no que diz respeito ao horário ao horário de chegada às Sessões do Legislativo; Isaac Ainhorn, indagando a quantas Sessões de Pauta será submetido o Substitutivo à Mesa, hoje, pelo Ver. Paulo Satte. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Jorge Goularte contestou colocações de Vereador desta Casa, em que S.Exa. diz que seus Pares não realizam o trabalho devido. Lembrou estar há doze anos no exercício da Vereança nesta Casa, destacando nunca haver faltado às Sessões do Legislativo. Ao final, criticou a atuação daquele Vereador, afirmando o descuido de S.Exa. com sua vida pública e seus deveres como parlamentar. O Ver. Luiz Braz lembrou projeto de sua autoria, aprovado nesta Casa, que estabelece o plantio de árvores frutíferas na cidade, registrando resposta a Pedido de informações que encaminhou ao executivo acerca do cumprimento daquela Lei. Mencionou contato que manteve com a SMAM para tratar sobre o plantio de árvores na Capital e afirmou o descaso do Executivo em cumprir as leis aprovadas nesta Casa, defendendo seu projeto. O Ver. Lauro Hagemann, lembrando conhecer de longa data o Governador Pedro Simon e mencionando atividades que exerceu ao lado de S.Exa., clamou ao Sr. Governador do Estado que atente para o fato de não estar sendo coerente o trato que vem dando às coisas públicas com o discurso proferido durante sua vida política. Destacou que o tratamento dado ao magistério, ao funcionalismo e aos ocupantes de Conjunto Habitacionais no Estado não condiz com o passado democrático do Sr. Pedro Simon, declarando a preocupação do PCB com a condução dada atualmente aos negócios do Estado. Ao final, afirmou que a solução dos problemas do Estado é política e clamou ao Sr. Pedro Simon que pressione o Governo Federal para que este devolva ao Rio Grande do Sul o que lhe foi tirado a título de incentivos fiscais. A seguir, em face de Requerimento de Licença do Ver. André Forster, aprovado, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Flávio Coulon e, informando que S.Exa. já prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Educação e Cultura. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Kenny Braga destacou que o Rio Grande do Sul atravessa hoje uma das piores crises de sua história, o que se evidencia pelo grande número de greves deflagradas no Estado, entre elas a dos policiais, a dos professores e a dos funcionários estaduais. Afirmou que o presente Governador Estadual se mostra pior que o anterior e clamou por medidas que devolvam ao Estado seu potencial econômico. E o Ver. Isaac Ainhorn registrou iniciativa desta Casa em realizar o projeto “A Câmara e a Comunidade”, destacando tratar-se de atitude inédita em todo o País. Discorreu sobre o trabalho desenvolvido ontem em reunião do Legislativo com a comunidade do Bairro Cristal, congratulando-se com a iniciativa da Mesa desta Casa em proporcionar o encontro dos Vereadores diretamente com a comunidade dos diferentes Bairros da Capital. Ao final, comentou proposição do Ver. Aranha Filho para a criação de uma linha de ônibus que ligue o Centro da Cidade ao Centro Administrativo em que se encontra o Legislativo. Às quinze horas e vinte minutos, por solicitação do Ver. Getúlio Brizolla, o Sr. Presidente procedeu à verificação de “quorum”. Responderam à chamada os Vereadores Aranha Filho, Hermes Dutra, Frederico Barbosa, Jaques Machado, Jorge Goularte, Getúlio Brizolla, Isaac Ainhorn e Pedro Ruas. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene, a seguir, em homenagem aos Campeões do Carnaval de 1987. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Chaise, Frederico Barbosa e Jaques Machado e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa, Jaques Machado e Hermes Dutra, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Srs. Presidente e 1ª Secretária.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Havendo “quorum”, declaro
abertos os trabalhos da presente Sessão. A Ata da Sessão anterior e o ementário
do expediente estão distribuídos em avulsos.
Em votação a Ata. (Pausa.)
Não há “quorum” para a votação a mesma.
O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas proposições pelos Srs.
Vereadores (passando a ler): André Forster (1), Hermes Dutra (2), Jorge
Goularte (2), Paulo Satte (1) e Rafael Santos (3).
É só, Sra. Presidente.
O SR. ENNIO TERRA (Questão de Ordem): Sra. Presidente, gostaria de
saber de V.Ex.a., para ganhar o “jeton”, qual o horário que o Vereador tem que
estar presente, ou ele pode chegar à hora que quiser?
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Vereador, a Mesa responderá
a V.Exa. no decorrer da Sessão.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sra. Presidente, não estou
pedindo esta Questão de Ordem para contestar a do Ver. Ennio Terra. É apenas
aditando, quem sabe, no sentido de lembrar que o “jeton” se percebe nas Sessões
Ordinárias e no âmbito das Comissões. Entretanto, a ausência, às vezes, às
terças e quintas, ela não significa a perda do “jeton”. Eu me refiro que, nas
terças-feiras, os Vereadores devem comparecer às reuniões de Comissões e também
nas quintas-feiras, e isso, notadamente, não tem ocorrido. Mas os Vereadores
que não estão nas Comissões ou estão despachando nos gabinetes, porque muitas
vezes falta matéria... Nem todas as terças e quintas há matérias no âmbito das
Comissões. Ontem, foi cobrado, em uma Questão de Ordem, a presença dos
Vereadores no âmbito das Comissões. Eu quero lembrar que nem sempre as
Comissões têm matérias para discutir, para despachar. Essa Questão de Ordem é
só para tranqüilizar àqueles que estão cobrando a presença de Vereadores,
também no âmbito das Comissões.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): A Mesa agradece a
colaboração do Ver. Clóvis Brum e, logo a seguir, dará uma resposta ao Ver.
Ennio Terra.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sra. Presidente, pergunto se
o presente Substitutivo, de autoria do Ver. Paulo Satte, consoante normas
regimentais, corre três pautas como projeto normal ou corre uma pauta?
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): A Mesa responderá a V.Ex.a.,
Ver. Isaac Ainhorn, no decorrer da Sessão.
Passamos ao período de
O primeiro orador inscrito é
o Ver. Luiz Braz. Ausente. O Ver. Jorge Goularte, por transposição de tempo com
o Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi mais uma
vez, ontem, nesta Casa, determinado Vereador assacar contra os seus colegas,
dizendo que há Vereadores que não trabalham, que há comissões que não
funcionam, que não mereciam o “jeton” e outras besteiras mais. Eu gostaria de
dizer que, por uma dessas coincidências, completo hoje doze anos de atuação
nesta Casa. Gostaria que consultassem nos Anais para ver se existe alguma falta
minha, para observarem se alguma vez eu faltei a um compromisso na Casa. É
claro que existem Vereadores que, depois de uma bebedeira muito grande,
estendem suas noitadas em programas da madrugada para falar dos colegas. Eu,
nessas horas, estou em casa descansando, tentando conciliar meu sono para
descansar da árdua batalha do dia e não tenho tempo de estar em churrascarias,
sendo amparado por garçons, para poder ir para minha casa. Há Vereadores que
têm que ir para casa amparados por garçons. Aí é um problema muito sério. Realmente,
há pessoas que têm esse trabalho duro e que se dizem muito atuantes e
presentes, embora, hoje, estejam mais uma vez ausentes. É preciso que se tenha
a coragem para enfrentar as situações. Esse determinado Vereador declarou uma
vez, no Pasquim, que era ausente de caráter, que não tinha caráter, e vem
exigir caráter de seus colegas. Então, de minha parte, não tem nenhum problema.
Eu tenho tranqüilidade de dizer – os Anais estão aí – que estou na Casa todos
os dias. Se não sou o primeiro, sou um dos primeiros, e não faço mais do que a
minha obrigação, não há nada de mais nisto. Agora, não estou aqui a acusar
colegas por omissão, por atitudes que sejam praticadas por meus pares, pois
cada um é responsável por suas atitudes. E há Vereadores que gostam de se
emborrachar, diariamente, criticar os outros tomando uísque à beira da piscina,
bancando o esquerdista de maneira muito elevada, numa mordomia das melhores,
continuando as noitadas nas madrugadas e aproveitando os programas de rádio da
madrugada para criticar os colegas, estendendo, depois, para uma churrascaria,
onde sabe que tem alguns garçons fortes que o levam até o carro e, muitas
vezes, até sua casa. Isto, realmente, é triste.
O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Acho mesmo, meu irmão, Ver. Jorge Goularte, que nós temos que ter uma
responsabilidade. Eu sempre vi que um dos primeiros a sentar no Plenário desta
Casa é o Ver. Jorge Goularte e o segundo é Getúlio Brizolla. Nós sabemos
trabalhar e queremos respeito nesta Casa.
O SR. JORGE GOULARTE: É claro que há Vereadores
que tentam “passar o cachorro” nesta Casa. Inventam emendas, substitutivos,
criam artifícios para “embananar” os processos. É lógico, tudo isso faz parte
do jogo democrático, mas chegar ao ponto de criticar os colegas dizendo que não
trabalham e logo quem, ao meu ver, é uma das mais nefastas figuras da vida pública! Há Vereadores que
tiram fotos com os comerciários para dizer que vão defender o sábado inglês e,
na hora da votação fogem da raia. Eu
não tenho problema em falar estas coisas, porque eu não tenho rabo. A mim não
vão criar problemas. Chego cedo, cumpro horário, participo das Comissões. É
realmente, desagradável estar tentando aparecer às custas dos colegas. Tem que
receber uma resposta à altura, uma resposta forte. Pediu, levou. Não vou calar.
E esta Casa sempre teve uma convivência entre colegas primando pelo respeito!
Não estou citando o nome de ninguém. Quem pede para retirar “jeton”, para não
receber, deve também pedir para que seu nome seja incluído entre estes que não
merecem “jeton”. Eu tinha que falar hoje sobre o relatório do Centro de Porto
Alegre, da Comissão que aqui se reuniu. Li o relatório e achei o mesmo
interessantíssimo, porque não tem uma idéia nova. É tudo, pelo menos, da minha
época. Eu até peço aos colegas que observem os pontos principais, para verem se
já não ouviram falar nisto: retirada dos ônibus da Praça Parobé, transformação
da Praça num local para abrigar os ambulantes, transferir os artesãos para a
Praça da Alfândega. E aí? É só isto? Então, eu tinha todos estes assuntos,
tenho que estar a esclarecer coisas a respeito dos “jeton”. Ontem, até me
aconteceu um fato interessante. Eu estava na Casa, ali no bar, e não consegui
votar o relatório do Ver. Isaac Ainhorn. Mas eu estava na Casa. Era cerca de
uma hora da tarde e, como duas pessoas iam falar, eu achei que teria tempo de
tomar uma coca-cola e, realmente, fiquei sem votar. Isto acontece, mas eu
estava na Casa. É muito desagradável falar tudo isto porque quem tem telhado de
vidro não deve jogar pedras no dos outros. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray): Próximo
inscrito, Ver. Luiz Braz, pelo PMDB.
O SR. LUIZ BRAZ: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, em 1983, votamos, nesta Casa, uma
das leis que eu acredito, sem desmerecer nenhuma das matérias que foram aqui
votadas, entre aquelas que passaram por este Legislativo, uma das mais bonitas.
Talvez uma das que poderia vir a modificar a qualidade de vida dos nossos
munícipes. Em 83 votávamos nesta Casa um Projeto de Lei, transformado em Lei,
que permita o plantio de árvores frutíferas nas ruas de Porto Alegre. Lembro
que a idéia inicial era de que viéssemos a plantar nas ruas de Porto Alegre 60%
daquelas árvores que fossem plantadas em nossa Cidade. Logo após, numa
discussão que realizávamos com a SMAM e a SMIC, os técnicos dessas duas
Secretarias nos explicavam da impossibilidade de plantar 60% de árvores
frutíferas. Todavia, gostaram da idéia e acharam que ela deveria ser levada
avante e por isso me foi sugerido, na época, que, ao invés dos 60% de que
falava o Projeto, que colocássemos 20%, pois 20% seria uma quantidade que a
Secretaria estaria em condições de atender e que faria com que nossas ruas e
parques pudessem começar a receber as árvores frutíferas. Também chegávamos,
àquela altura dos acontecimentos, nesse mesmo estudo junto com os técnicos da
SMAM e da SIMC, à conclusão de que estas árvores frutíferas tinham que ser
árvores frutíferas nativas. E eu também concordei, porque acreditava também que
as árvores frutíferas nativas viriam a suprir esta lacuna que, ao meu ver,
existia nas ruas de Porto Alegre, e este aprovou, em 1983, esta Lei: 20% da
arborização da Cidade deveria ser através de frutíferas. Os anos se passaram,
84, 85, 86 e já estamos em 1987, e eu fiz um Pedido de Informações ao Executivo
para que me informasse, exatamente, qual a quantidade de nativas que estavam
sendo plantadas nas ruas de nossa Cidade, se por acaso a SMAM ou a SMIC
estariam atendendo à Lei que nós aprovamos nesta Casa, e a resposta que o
Executivo me manda, Ver. Jorge Goularte, é uma resposta que diz muito bem do
descaso que o executivo tem para com as leis deste Legislativo. Para o
Executivo tanto faz como tanto fez que nós aprovemos aqui leis e mais leis,
porque eles só vão cumprir o que eles bem entendem que devem cumprir porque
está aqui – e eles nem quiseram a resposta que mandaram a este Vereador – o
descumprimento daquela Lei que nós aprovamos aqui nesta Casa. Em 1986, que foi
ano do meu pedido de informações, foram plantadas um total de 10789 mudas de
arborização na Cidade, não de frutíferas, e, deste total de 10789 mudas, apenas
1278 de árvores frutíferas nativas, perfazendo um total de 11,8%. E eu pedi,
também que eles discriminassem quais foram os locais onde estas frutíferas
foram plantadas, e eles enviaram aqui, nestas informações, quais foram estes
locais e a quantidade de mudas de acordo com cada espécie.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Tive a satisfação de ter sido o relator de Projeto de
autoria de V.Exa. Realmente, à época, chamamos à Casa os técnicos da SMAM que
nos disseram da possibilidade de se fazer a implantação desta Lei dentro dos
parâmetros que o V.Exa. propunha. E vejo, com muita estranheza, que o Executivo
Municipal não vem cumprindo a lei votada por esta Casa, e até com surpresa e
desconforto porque, segundo os técnicos da SMAM, a medida proposta por V.Exa.,
além de trazer vida nova à Cidade, incentiva a proliferação de pássaros. Enfim,
seria uma bela conquista para a nossa Cidade.
O SR. LUIZ BRAZ: Muito obrigado, Ver. Raul
Casa. Acolho o seu aparte. Lembro-me que os estudos que fizemos a respeito
desta matéria diziam o seguinte: que estas árvores frutíferas iriam, além de
satisfazer a própria população e sempre a população carente dos nossos bairros,
também viriam trazer para os nossos bairros algo que está desaparecendo das
grandes cidades: os pássaros. E são exatamente estes pássaros, que estão
desaparecendo das grandes cidades, os responsáveis pelas muitas ocasiões em que
nós não tenhamos aqui determinadas pestes que são espalhadas pela população.
Esses mesmos pássaros são responsáveis por, muitas vezes, evitar que estas
pestes possam grassar por toda a comunidade. E esses pássaros, de repente, nós
estamos evitando que venham para a cidade! Até cito o seguinte, nobre Vereador:
tenho assistido os movimentos ecológicos tratarem de tanta matéria, defenderem
tantas matérias, fora de nossa comunidade muitas vezes, e não vejo aqui, em
Porto Alegre, um movimento ecológico se importar com alguma coisa que eu
acredito seja de fundamental importância para a qualidade de vida dos nossos
munícipes, ou seja, as árvores frutíferas. Aqui está um prato muito bom para
que os movimento ecológicos que temos em nossa Cidade pudessem, realmente, se
servir a fim de que a qualidade de vida do nosso cidadão pudesse ser defendida.
Hoje em dia é notório que o preço das frutas nos supermercados, nas
fruteiras, é um preço que está fora do alcance do nosso cidadão comum. Aquele
cidadão que recebe o salário fica incapacitado de, com seu salário, comprar
qualquer fruta para modificar a rotina do dia-a-dia das crianças que vivem nas
vilas da Cidade. Isso tudo nós prevíamos nesse nosso Projeto de Lei, porque isso
tudo poderia ser modificado. É claro, Ver. Jorge Goularte, que não seria uma
modificação a curto prazo, e nós sabíamos que isso não poderia acontecer, mas
uma modificação a médio e longo prazo certamente iria acontecer, porque as
populações iriam se conscientizar do bem que aquelas frutíferas iriam fazer a
nossa Cidade e, com o passar do tempo, nós teríamos a possibilidade de a
própria população ser a guardiã dessas árvores que estariam espalhadas por toda
Porto Alegre.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Já naquela época, nobre Ver. Luiz Braz, nós
aplaudíamos o Projeto de V.Exa., achamos de alta relevância e até falávamos que
poderia ser aplicado em sistema de mutirão para que a população tivesse o goto
de plantar e de cuidar daquelas frutíferas para seu próprio uso, no futuro. Mas
estou convencido de que os projetos, mesmo votados nesta cada, não sendo
oriundos de elementos do partido do Prefeito, serão engavetados ou vetados,
como foram alguns meus, embora, modéstia à parte, tenham grande relevância para
a comunidade, como foi o caso dos Centros Integrados, que seria a
descentralização da saúde, da segurança pública e das comunicações em Porto
Alegre. Muito obrigado.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu até acho que sou um
cidadão de sorte ao perceber que pelo menos metade daquilo que eu pedia no meu
Projeto de Lei ainda está sendo atendido, porque, junto com esse Projeto de
Lei, foi votado, também, um Projeto de Lei, que se transformou em Lei, do Ver.
Valdomiro Franco, agora Deputado Estadual, e esse Projeto do Valdomiro Franco,
que faz parte desse mesmo artigo de lei, falava sobre as hortas comunitárias, e
estas hortas comunitárias até agora, muito embora aprovadas aqui por esta Casa,
não merecem nenhum tipo de tratamento através do Executivo.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Só quando eu fui Secretário.
O SR. LUIZ BRAZ: Exatamente, quando V.Exa.
estava na Secretaria, eu lembro muito bem, acompanhei o trabalho de V.Exa.,
quando dava, realmente, atenção a este Projeto do Ver. Valdomiro Franco. Mas
parece que estas questões de frutíferas, de hortas comunitárias, fica muito bem
na boca daqueles que vão para as vilas populares fazer demagogia, mas fica
realmente muito mal na hora de se executar um trabalho que viria melhorar a
qualidade de vida desta população. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray): O
próximo orador inscrito é o Ver. Lauro Hagemann, que está com a palavra.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, conheço o cidadão Pedro Simon há 35 anos, desde quando ambos éramos
estudantes secundaristas em Porto Alegre. A vida depois nos conduziu à política
universitária. Pedro Simon foi Presidente do Centro Acadêmico Maurício Cardoso,
da Faculdade de Direito da PUC. Eu fui dirigente do Centro Acadêmico Franklin
Roosevelt, da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal. Nos digladiamos
numa eleição memorável para a Presidência da União Estadual de Estudantes. Fui
o vencedor no pleito. A vida depois nos extraviou. Fomos nos reencontrar na
Assembléia Legislativa em 1967, como Deputados do MDB, quando o MDB tinha 28
Deputados e a antiga ARENA tinha 27. Exercemos juntos um trabalho que a época
permitia. Nos dedicamos, com outros companheiros, à construção do MDB.
Palmilhamos o Estado do Rio Grande do Sul, como Deputados, procurando
companheiros que assinassem a constituição de comissões provisórias de então
MDB. Era difícil naquela época desentocarmos os corajosos que poderiam
enfrentar a situação vigente no País. Corriam os anos de 1967 e 1968. Em 1969
fui cassado. O deputado Pedro Simon continuou na Assembléia, chegou até o
Senado, ao Ministério da Agricultura, e hoje é o Governador do Estado. Cada um
de nós seguiu seu caminho.
Faço esta breve remissão histórica para declarar o meu respeito pela
figura política do cidadão Pedro Simon, que durante os longos anos da noite
ditatorial sempre lutou denodadamente pelo restabelecimento da democracia no
nosso País. Por isso me permito, hoje, após estes longos anos de convivência,
35 anos, de chamar, fraternalmente, a atenção do Governador Pedro Simon para um
erro fundamental que, hoje, está cometendo como governante, de não estar sendo
coerente no trato da coisa pública, com o discurso pronunciado durante esta
longa vida, dedicada à redemocratização do País. O Governador Pedro Simon
parece que não entendeu, ou não está entendendo, a responsabilidade que lhe
pesa como governante de hoje e opositor de ontem. Parece que não conseguiu
compatibilizar esta nova situação e está voltando as costas ao povo que o
elegeu. E isto é muito grave, e eu reforço o caráter fraternal que tem as
minhas palavras, que são pronunciadas aqui nesta modesta tribuna municipal.
Porque o PCB, infelizmente, não tem uma tribuna estadual. O que o Governador
Pedro Simon está a fazer com funcionalismo, com o magistério, com os ocupantes
de conjuntos habitacionais no Estado não condiz com o seu discurso de opositor.
É muito perigoso, e o PCB vê com preocupação o encaminhamento que está
sendo dado à condução dos negócios públicos do Estado, nesta hora. Muito se
fala na dívida contábil do Estado, não se fala na dívida social. Esta é a hora
de não termos uma visão gerencial da crise do Rio Grande, é hora de termos uma
visão política. A solução não é contábil, a solução é política. É preciso que o
Governador volte mais rapidamente possível ao seu leitor natural. Hoje, por
exemplo, Srs. Vereadores, está se estabelecendo um perigoso conflito entre os
ocupantes de conjuntos habitacionais vazios. São jogados uns contra os outros.
E o Estado está à espera de quê? Que aconteça uma mortandade, que aconteçam
conflitos? O seu dever era o de interferir, era de ter começado por não
apresentar, perante a Justiça, a figura jurídica que se chama “reintegração de
posse” e dar a esses casos uma solução política.
Todos nós, no Rio Grande do Sul, sabíamos que íamos enfrentar uma
tempestade, depois da mudança do Governo no Estado, que por 23 anos ficara na
mão de uma agremiação partidária. Todos nós sabíamos e podíamos imaginar que
tipo de soluções poderiam ser propostas. E essas soluções, infelizmente, estão
a demandar muita competência, muita humildade. E mais uma vez chamo
fraternalmente a atenção do Governador Pedro Simon para que não se coloque na
condição de vítima pessoal dos acontecimentos. Não é esta a postura de um
estadista. É preciso dar encaminhamento correto, óbvio, de bom senso às
questões que a sociedade está propondo como soluções, e não ficar encastelado
no Palácio, reclamando de uma conjuntura que não foi ele que criou, que nos foi
imposta, mas que precisamos ter competência e habilidade para chegar a uma
solução justa.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Lauro Hagemann, ouço com muita atenção o
discurso de V.Exa. e congratulo-me com
ele. Acho que representa o único alerta que se pode fazer hoje ao Governador
Pedro Simon. A culpa, se se pode falar assim - e se pode, me parece - deste
estado de coisas não é o do Governador Pedro Simon. Certamente, não é! Agora, o
papel que ele escolhe, o de vítima indefesa, inoperante, e sem perspectivas de
mudanças, também não é o que lhe serve. O papel que lhe serve é o de denunciar
de quem é a culpa deste estado de coisas, de organizar a sociedade para poder
resolver esse tipo de problema, ou pelo menos minimizar os seus efeitos. Essa é
a obrigação do Governador, e por isso chamo a atenção para o alerta de V.Exa.,
na medida em que é a única posição que ele pode assumir a fim de que cumpra seu
compromisso com os rio-grandenses e não passe ao largo do trem da história.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sou grato pelo aparte de
V.Exa. e, para concluir, Sr. Presidente, gostaria de aqui, modestamente,
sugerir que o Governador Pedro Simon fizesse valer sua autoridade como membro
da alta direção do PMDB Nacional, para pressionar o Governo da República a
restituir ao Estado aquilo que dele é tirado há longos e longos anos a
título de incentivos fiscais, para
minimizar a crise por que passa funcionalismo, magistério e outros setores da
comunidade. E que passe a administrar o Estado, passe a dar seqüência a uma
administração operosa porque do jeito que as coisas estão, está tudo
paralisado, não há andamento em setor algum. E todos estão a demandar uma
urgente solução. Pelo menos a de encaminhamento de propostas e de trabalho.
Pretendo, em outra oportunidade, voltar ao tema, ou a algum tema específico.
Não com o sentido de crítica pura, mas com o sentido de colaboração. Por hoje é
só. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE(Frederico
Barbosa): Solicito
aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Flávio Coulon,
Suplente pelo PMDB, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. André
Forster, que se encontra licenciado.
(O Sr. Flávio Coulon dá entrada no Plenário.)
Convido o Sr. Flávio Coulon a tomar assento em sua Bancada e informo ao
Plenário que, já tendo S.Exa. prestado compromisso regimental nesta
Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta oportunidade, nos termos do §
2º do art. 5º do Regimento Interno.
Declaro empossado o Sr. Flávio Coulon e informo que S.Exa. deverá
integrar a Comissão de Educação e Cultura.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, apenas para registrar a enorme satisfação com a presença, agora
permanente, do Ver. Flávio Coulon, do PMDB, aqui nesta Casa. Já tive “ásperos”
debates com ele nesta Casa, mas há de se reconhecer o trabalho sério e
responsável que realiza. Esta Casa é de debates. Registro mais uma vez a minha
satisfação, como de toda a minha Bancada, com a presença do Ver. Flávio Coulon,
agora de forma permanente aqui conosco, tendo em vista o licenciamento do Ver.
André Forster, que assume hoje a METROPLAN.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): Ver.
Isaac Ainhorn, a Mesa lastima não poder acolher a Questão de Ordem de V.Exa. e
recebe a manifestação que V.Exa. realiza no momento como uma saudação ética e
afetiva à presença do suplente.
O SR. IGNÁCIO NEIS (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, noticiei ontem, pela imprensa, que eu estava preocupado com essas
licenças solicitadas pelos Vereadores para tratar de interesses particular e
assumir cargo a nível estadual e federal. Havia decidido encaminhar à Mesa
requerimento solicitando um estudo profundo à Consultoria Jurídica da Casa, no
sentido de clarear, para evitar futuros dissabores para Vereadores da Casa. Mas
eu mesmo, com minha assessoria jurídica, já estudei e cheguei à conclusão
triste de que o fato é totalmente ilegal e que, realmente, o Vereador está
faltando gravemente com a Lei Orgânica do Município. Por isto, não mais
encaminharei um requerimento a V.Exa., mas para colaborar com os Vereadores e
para que eles possam assumir outros compromissos, decidi encaminhar um Projeto
de Lei para análise desta Casa. Este Projeto prevê que os Vereadores possam
assumir cargos a nível estadual e federal. Já no ano passado, o Ver. Aranha
filho também iria assumir um cargo e, por ameaças diversas, não trazidas a
Plenário, mas que correram por baixo do pano, não pôde assumir. Então, mudo a
minha idéia e, na próxima semana, encaminharei Projeto de Lei neste sentido,
possibilitando que os Vereadores assumam atividades como esta que, com muita
capacidade, assume o Ver. André Forster.
O SR. PRESIDENTE: Assim como a Mesa não pôde
acolher como Questão de Ordem a manifestação do Ver. Isaac Ainhorn, lastima não
ver amparo para acolher a sua manifestação também como tal.
Solicitaria ao Plenário que as Questões de Ordem sejam feitas embasadas
no Regimento Interno para que não estejamos a transgredi-lo.
O SR. PEDRO RUAS (Questão de
Ordem): Tentando
colaborar com a Mesa e endossando a posição da mesma, diria apenas que licença
requerida pelo Ver. André Forster está prevista no art. 188 do Regimento
Interno, mais especificamente no inciso I, letra “a”.
O SR. IGNÁCIO NEIS (Questão
de Ordem): Para
contraditar o Ver. Pedro Ruas quero dizer que o Regimento Interno está indo
contra a Lei Orgânica, no seu art. 37. Vamos colaborar para que todos os
Vereadores possam assumir cargos deste tipo, com o projeto que, nos próximos
dias, deverá entrar na Casa.
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
o Ver. Kenny Braga. V.Exa. tem a palavra.
O SR. KENNY BRAGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, “viver é aprender
para ignorar menos”, já dizia um célebre filósofo argentino, e eu gosto muito
desta frase. Viver mais de quarenta anos, para aprender que nunca o Estado do
Rio Grande do Sul viveu uma situação política, social e econômica tão vexatória
e tão miserável. Não tenho notícia de uma crise semelhante à que o Rio Grande
do Sul atravessa em nossos dias, sob o comando e orientação do PMDB. Há vários
dias, o Governo assiste a uma epidemia de greves, de movimentos
reivindicatórios, que não tem a menor solução e a menor perspectiva de saída
oferecida pelo Governo do Rio Grande do Sul. A Cidade está entregue à violência
dos bandidos e marginais, porque, incrivelmente, a polícia está em greve. Nem
mesmo as queixas mais veementes são recebidas pela polícia, que resolveu fechar
as portas e não trabalha. Os professores, em busca de melhores condições de trabalho
e de salários, estão em greve, e há milhares de crianças sem aulas. E o
problema não tem nenhuma solução. O funcionalismo público, com o mesmo
objetivo, também entrou em greve. Não se sabe quando esta greve vai parar, e a
única decisão do Governador do Estado é mandar cortar o ponto dos funcionários
públicos estaduais. E, realmente, inacreditável o que está ocorrendo. O
“slogan” sonoro, bonito e repetido exaustivamente durante a campanha do
Governador Pedro Simon era “güenta as pontas, que vai mudar”. Vai mudar o quê?
Aconteceu o que eu jamais imaginava! O Governo atual está sendo pior que o
anterior! O apelo de mudança no sentido de esperança, primeira orientação na
campanha do Sen. Pedro Simon, foi por água a baixo em poucos dias. E nós
assistimos, hoje, a um governo absolutamente imobilizado, que não tem nenhuma
solução para os problemas que batem às portas do Palácio Piratini. Ele não
oferece soluções. Está imobilizado, como se estivesse com a faca na garganta, a
faca dos movimentos reivindicatórios, dos quais eu não vou contestar nem o
mérito. Não vou fazer uma análise disso. Apenas quero dizer e enfatizar que o
governo não oferece nenhuma solução para os graves problemas a que nós
assistimos, hoje, aqui, no Rio Grande do Sul.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em manifestação, ontem, eu colocava como uma suspeita
uma informação: o Presidente da Cintea havia justificado as demissões daquele
órgão, dizendo que os funcionários chegavam, batiam o ponto e depois iam para
os motéis com as funcionárias. Hoje eu li que as senhoras e senhoritas que lá
trabalham vão processá-lo. A que ponto chegou a baixeza porque, no primeiro
momento, eram os que não trabalhavam e que depois se tornou inverídico!
Demitiram, por exemplo, um funcionário que estava de interventor na minha
Secretaria, quando eu era seu titular, a Secretária Extraordinária da Região
Metropolitana, com gratificação do Palácio Piratini, por determinação do Chefe
da Casa Civil. Com a mudança de governo, voltou ao órgão de origem, inclusive
porque extinguiram a Secretária. Isso mostra que não estava em motel e,
evidentemente, estava trabalhando.
O SR. KENNY BRAGA: Nós vivemos, sem dúvida
alguma, Ver. Artur Zanella, um quadro dramático, um quadro terrível, que eu não
gostaria que persistisse por mais dias. A população está insegura, está à mercê
de bandidos, de marginais. As crianças estão sem escolas, o Tesouro do Estado
está falido, a greve tende a se expandir e não se tem, de parte do Governador,
nenhuma resposta para esses problemas. E o pior de tudo é que o Governador
Pedro Simon e seu Secretário da Fazenda haviam tido um encontro com o
Ministério demissionário na tentativa de resolver os graves problemas
financeiros do Rio Grande do Sul. Pois, nesse meio tempo, o Ministro Funaro foi
degolado por burocratas entre grandes palacianos não satisfeitos com sua gestão
no Ministério da Fazenda e novamente o Estado do Rio Grande do Sul voltou à
estaca zero. Será necessário agora reencetar tudo o que havia sido feito, todas
as tratativas feitas com o Ministro Funaro porque, infelizmente, este é o País
dos padrinhos e afilhados, que parecem não ter um interesse maior a não ser a
defesa intransigente dos seus objetivos pequenos e eleitoreiros. Se se muda o
Ministro da Fazenda por vontade do Presidente e do mundo palaciano, não é
necessário reencetar tratativas feitas por ele, palavra de Ministro deve ser
uma só ser uma só e deve ser cumprida. Todavia, agora é necessário empreender
nova retomada de negociações, e o Rio Grande do Sul e a situação do Rio Grande
do Sul não valem absolutamente nada para aquele que irá ocupar o lugar de
Funaro. Isto é triste e lamentável.
Precisamos de uma ação política que esteja acima das siglas partidárias e dos
partidos para recolocar o Rio Grande do Sul na posição que ele merece. Este
Estado já foi, durante muitos anos, a vanguarda política do Brasil. Daqui
partiram grandes iniciativas que transformaram o panorama político deste País.
Agora nosso Estado não tem importância alguma no contexto nacional. Quatro
governadores de Estado reúnem-se à revelia de outros governadores para impor
seu ponto de vista ao Presidente da República, e nosso Estado não é consultado
simplesmente porque desapareceu politicamente. Não se trata mais de uma questão
do PMDB. É uma questão do PDT, do PFL, é uma questão de todos os gaúchos.
Precisamos, mais do que nunca, somar os nossos esforços, empreender uma ação
comum para tirar o Rio Grande do Sul desse atoleiro vexatório em que se
encontra. Eu, muitas vezes, penso nos nossos ancestrais maiores que modelaram a
fisionomia gigantesca de nosso Estado, a fisionomia respeitável desse Estado.
Se por um passe de mágica voltassem e vissem o que está acontecendo hoje no Rio
Grande do Sul, certamente pediriam para morrer três vezes. É escandaloso o que
está acontecendo! Antes eram os Governadores nomeados que se submetiam a
esperas vexatórias nas portas dos Ministérios em Brasília, de chapéu na mão, de
pires na mão para pedirem o que é nosso, e eu imaginava que, com a eleição de um
governador, as coisas mudariam através da vontade soberana de um povo gaúcho.
Mas as coisas não mudaram! Antes eram os Amarais de Souza da vida que não
tinham autoridade para gestionar junto aos Ministros em nome do Rio Grande do
Sul. Hoje, é um Governador amigo do poder central que não quer se
incompatibilizar com o poder central, que dá respaldo ao poder central e que
não defende os verdadeiros interesses do Rio Grande do Sul. Eu conclamo a todos
os gaúchos, de todas as origens, de todos os partidos, para que nos unamos ação
comum para tirar o Rio Grande do Sul das manchetes dos gracejos, da zombaria
que nos cerca, porque o Rio Grande do Sul não é mais aquele. Realmente, para os
paulistas e cariocas, que fazem os eleitorais e escrevem as manchetes, nós não
somos mais aqueles, e a responsabilidade é nossa e não é deles. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Último Vereador inscrito,
Ver. Jaques Machado, cede o seu tempo para o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero nesta oportunidade fazer um registro, que julgo de maior
importância com relação a esta Casa, por um tipo de trabalho encaminhado pela
Mesa Diretora do atual biênio. Nosso registro de satisfação pelo trabalho que
vem sendo levado a efeito pela Mesa dos trabalhos desta Casa, tendo à testa o
Sr. Presidente, Ver. Brochado da Rocha. S.Exa. tem-se preocupado, junto com os
demais membros da Mesa, com o isolamento desta Casa após a mudança do Centro da
Cidade para o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, na Estância da Harmonia, e
resolveu desenvolver um trabalho pioneiro em matéria de Câmaras de Vereadores
em todo o País: o deslocamento dos Vereadores para os bairros da Capital num
período que não prejudica o trabalho normal desta Casa. Todas as
segundas-feiras, os Vereadores são convidados para participar de reuniões com a
comunidade – segundas-feiras à noite, melhor dito. Ontem à noite, inaugurou-se
esse trabalho no Bairro Cristal, bairro que têm inúmeros problemas. Pois ontem
à noite instalou-se esse trabalho pioneiro da Câmara de Vereadores de Porto
Alegre em que uma maciça presença de moradores do Bairro Cristal acorrereu à
Escola Elpídio Paes para discutir e debater os problemas da Cidade com os
Vereadores de Porto Alegre. À noite, fora do horário normal de trabalho desta
Casa, lá estiveram presentes inúmeros Vereadores. É natural que não estivessem
todos os Vereadores, vamos dizer assim, até porque há certos Vereadores que
atuam num determinado bairro e têm ligação com um tipo de trabalho com uma
determinada comunidade, outros, que têm com várias comunidades. Mas houve um
número expressivo de Vereadores, e instalou-se um tipo de trabalho extremamente
interessante. O Ver. Frederico Barbosa, que ora preside os trabalhos, também
pode testemunhar o tipo de trabalho lá desenvolvido, porque, naquela reunião,
com muita franqueza, com muita objetividade, sem muito rapapé, foram comentados
os problemas daquela comunidade, que tem uma gama de problemas, que vão desde
os problemas de limpeza pública, de saneamento e de iluminação, a um problema
extremamente grave para aquela região, e que não é um problema peculiar do
Bairro Cristal, mas de toda a Cidade de Porto Alegre, em decorrência do aumento
da miséria, do desemprego, que aumenta a delinqüência: trata-se do problema da
violência urbana, problema da segurança, onde as pessoas não podem mais sair à
noite da escola, onde correm o grave risco de serem assaltadas. Aliás, não são
mais nem assaltadas à noite, mas à luz do dia, a qualquer hora, saindo de Casa
para o trabalho, para as compras ou para qualquer outro lugar. As pessoas são
vítimas de assalto e de violência que, hoje, é extremamente grave e que,
infelizmente, faz parte de uma estrutura inadequada, e a greve dos policiais
revela muito bem isso, porque esses homens que jogam com a própria vida correm
o risco de, a qualquer momento, serem assassinados num confronto com os
facínoras. Estão em greve, buscando melhores condições salariais, buscando o
cumprimento de leis.
Mas vou retornar ao meu assunto original, que é o registro do trabalho Câmara-comunidade, onde a Câmara se desloca, todas as segundas-feiras, para fazer aquilo que se denomina de um trabalho de base, com a presença de todos os Vereadores, um trabalho, em nível de comunidade, de assembléia popular. E me causou satisfação ver aquele entrosamento entre a comunidade e a Câmara e o respeito daquela comunidade pelo trabalho dos Srs. Vereadores a despeito de figuras tristes que tentam manchar este Legislativo, que são, na realidade, aqueles saudosistas do tempo do arbítrio e das ditaduras, que preconizam o fechamento de todas as Casas Legislativas do País. Se não fazem isso conscientemente, infelizmente, inconscientemente, contribuem para tal. E este trabalho levado a efeito pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, pioneiro, merece o nosso registro, a nossa referência, porque se destaca como um trabalho diferenciado. Os Vereadores vão à comunidade. Na semana que vem, já está articulada a ida da Câmara para a Vila Ingá, e confesso, com toda a lisura e sinceridade, que tive que responder a críticas à minha Administração, à Administração do meu partido na Prefeitura. E fiquei compromissado, inclusive, de levar e atender soluções de reclamações formuladas por aqueles moradores. Por que não? Nós não somos milagrosos, nós não somos perfeitos.
Mas registro mais uma vez a disposição séria dos Vereadores desta Casa
em trabalhar, em ter um contato. E sei que os que não estavam lá estavam em
outros locais trabalhando. Portanto, deixo este registro e congratulou-me com a
Mesa Diretora desta Casa porque teve a feliz idéia de articular este trabalho
entre a comunidade e a Câmara, visando entrosar-nos, para não nos afastemos,
sensíveis ao problema do distanciamento desta Casa, que ainda não ganhou aquele
afluxo de pessoas que deve merecer. Por que nós não podemos ir? Ninguém disse
que nós não ganhamos bem. Todos nós, publicamente, reconhecemos. Agora,
trabalhamos para tal e não fazemos nada mais do que a nossa obrigação. Tenho
certeza que interpreto não só a minha posição, mas a dos Vereadores que estão
aqui, neste momento, na Casa, e daqueles que não estão.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, realmente, é bastante salutar esta
tentativa de descentralizar os serviços da Câmara Municipal, porque nada mais é
do que uma descentralização destes serviços, mesmo porque nós imaginamos estar
um pouco ilhados aqui no local da Câmara de Vereadores. E era justamente neste
sentido que eu solicitei o aparte a V.Exa., na tentativa de solicitar o seu
apoio a um Pedido de Providências que encaminhei ao Executivo no sentido de que
a Secretaria Municipal de Transportes coloque uma linha circular que ligue o
Centro da Cidade ao Centro Administrativo, passando pela Câmara de Vereadores, principalmente
agora que temos um anel perfeito que possibilita esta via circular. Inclusive,
a preços acessíveis, assim como fez o Governador de V.Exa., no Rio de Janeiro,
quando colocou uma linha, inclusive com ônibus sem laterais e bancos
transversais. É uma idéia que passei ao Executivo Municipal na tentativa de
solicitar o seu apoio neste aparte.
O SR. ISAAC AINHORN: V.Exa. é o Vice-Líder do seu
partido, recentemente eleito para esta função. Vou sugerir a V.Exa. que,
juntamente com o Líder da sua Bancada e demais Lideranças nesta Casa, reúnam-se
com a Mesa Diretora dos trabalhos. Este é um a assunto muito sério, muito
importante, porque, no ano passado, quando eu estava na Mesa dos trabalhos e
era Secretário desta Casa, eu e o Ver. Forster, com os demais integrantes da
Mesa, procuramos estabelecer uma linha circular, procuramos o Presidente da
Carris. No entanto, os primeiros contatos não foram satisfatórios, mas entendo
que deve ser retomado, não só através de um Pedido de Providências de V.Exa.,
mas dando maior compacticidade a esta proposição, procurando o apoio de todas
as Lideranças desta Casa, juntamente com a Mesa desta Casa. Acredito que, desta
forma, teremos um maior poder de pressão, procurando melhorar a ação desse
Legislativo. Melhorar os trabalhos das Comissões... Vejam V.Exas. que estou
presidindo uma Comissão, há um mês, e durante este período de um mês todas as
reuniões se realizaram, executando-se uma, da qual mandei lavrar uma ata
declaratória.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Agradeço, modestamente, essa informação de V.Exa. e
vou atendê-la imediato. É um conselho de V.Exa., que é muito meu amigo.
O SR. ISAAC AINHORN: Não estou dando conselhos.
Apenas estou sugerindo, porque isto eu sei que vai enriquecer e prestigiar todo
o Legislativo.
O Sr. Frederico Barbosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Recolho os cumprimentos de V.Exa. como um dos
componentes da Mesa, e acho que andou bem o Presidente desta Casa. Gostaria de
lembrar, enfatizando o brilhante pronunciamento de V.Exa. sobre a importância
desta ida da Câmara, com mais uma rádio, aos bairros de Porto Alegre. O
programa que inicialmente estava previsto para uma hora e meia extrapolou para
duas horas e meia. Foi um debate constante, onde V.Exa., como disse, ouviu
muitas críticas, mas, certamente, participou de um espaço extremamente
democrático colocado entre Câmara-população da Cidade, através de uma rádio e
mais a comunidade. E gostaria de lembrar a V.Exa. que, por lástima, a CEEE, não
colaborando com o encontro, cassou a luz do bairro por algum motivo, e a rádio,
tendo ficado no ar, proporcionou o debate, mesmo às escuras, porque o horário
estava passando e o bairro precisava dialogar com os Vereadores e precisava
mostrar os problemas que o afligem. Acho que isso foi uma demonstração da
comunidade e também dos Vereadores do desejo que temos, acima de tudo, de
trabalhar. Apesar, de como V.Exa. disse, das críticas incessantes de algumas
pessoas e que, casualmente, também não foram ao programa piloto
Câmara-comunidade, no Bairro Cristal. E eu não estou falando para aqueles que
tinham algum compromisso, mas para aqueles outros que o Ver. Jorge Goularte tão
bem frisou da Tribuna.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu acolho o discurso-aparte do Ver. Frederico Barbosa e encerro
Sr. Presidente, manifestando, mais uma vez, a enorme satisfação por esse
esforço que faz a Mesa Diretora dos trabalhos, desta Casa, com objetivo de
aperfeiçoar os serviços legislativos e da relação Câmara-comunidade. E, oxalá,
os Senhores da Imprensa que nos ouvem e que nos assistem registrem estes
aspectos positivos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito que seja feito verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 3º
Secretário que proceda à verificação de “quorum”.
(É feita a verificação de “quorum”.)
O SR. 3º SECRETÁRIO: Sr. Presidente, não há
“quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Em face de inexistência de
“quorum”, declaro encerrados o trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs.
Vereadores para a Sessão Solene, a seguir, em homenagem aos Campeões do
Carnaval de 1987.
(Levanta-se a Sessão às 15h20min.)
* * * * *